terça-feira, 28 de janeiro de 2014


Uma viagem no tempo... no meu próprio tempo. (2ª parte)

Como disse no artigo passado, estou fazendo uma viagem no tempo... no meu próprio tempo. Assim sendo, vamos seguir a estrada, pois tem muita poeira pela frente... isso mesmo, muita poeira, e não é só metáfora, neste verão de janeiro as estradas são poeira pura, mas há muito pó acumulada ao longo do tempo.

Neste segundo relato quero falar de um lugar muito caro para mim e para meus irmãos. Caro por trazer à memória momentos alegres e momentos tristes. Assim é a vida: há sempre momentos alegres e momentos tristes. Fui visitar a casa onde passei os meus primeiros 10 anos de vida. A casa está lá, linda e muito bem cuidada. O atual proprietário fez reforma na casa e olha foi uma grande reforma, mas manteve suas principais características. Por este motivo, gostaria de publicamente agradecer este proprietário, que nem sei quem é, mas quero agradecê-lo assim mesmo, pois mantém intacto aquela casa. A sua manutenção possibilitou-me confrontar a realidade com a memória que tinha sobre ela. É nesse sentido que nos possibilitam uma reflexão sobre a importância de um patrimônio para a memória coletiva.

 

 



E o que foi possível rememorar? Que ideias tinha do tempo de minha infância e do foi possível perceber diante desta casa? Que memórias esta casa fez erguer dentro de mim? Talvez eu não consiga expressar claramente tudo, mas não custa tentar. Vamos começar pelas diferenças. Para mim a casa era muito maior do que realmente é, isso é compreensível visto que a memória da dimensão da casa guardava a visão de uma criança menor de 10 anos, era afinal visto de uma outra perspectiva. Na frente do casarão havia uma coberta onde de guardava o Carro de Bois, o paiol e na parte abaixo do paiol ficava o chiqueiro. Não haviam as cercas brancas, nem a plantação de capim, em seu lugar havia um gramado natural (não fora plantado) grande, com uma boa inclinação. Neste lugar eu e meus irmãos nos divertíamos escorregando sentados dentro de uma casca de folha de coqueiro, que nós chamávamos de “capota”. Um pouco mais acima ficava o curral.

Voltando à casa, possuía 13 cômodos, todos de assoalho, exceto o banheiro a cozinha e a dispensa. Hoje não sei como está, uma vez que não foi possível entrar na casa. Não tínhamos televisão, pois naquela época possuir uma era coisa para poucos. Tínhamos um rádio 4 faixas e ouvíamos a Rádio Nacional e a Rádio Aparecida. Há duas memórias retidas quanto aos programas de rádio: a primeira refere-se a minha mãe acompanhando uma rádionovela da Rádio Nacional e a segunda era o canto da benção de Nossa Senhora Aparecida, principalmente no dia da padroeira – “Viva a Mãe de Deus e nossa, Oh! Senhora Aparecida.... - da parte da benção do dia de Nossa Senhora Aparecida eu guardei porque era o Bispo D. Geraldo, achava muito chic porque meu nome era dito no Rádio. Lembrei de outras coisas, como: colocar brasas em um latão para nos esquentarmos nas noites de inverno; o colchão de palha; os dias em que se matava porco era uma festa só – a vizinhança juntava para ajudar e depois levava um pedaço como forma de pagamento – a casa ficava movimentada; juntar os bois para carrear, já com 8 anos ia à frente dos bois como guias; a ida à cidade (Crucilândia) à cavalo com meu pai, uma vez ou outra... E quando ele comprou-me um chapéu de palha com fitinha azul... inesquecível. Muitos outros momentos bons mereceriam ser citados aqui. Mas continuarei no próximo...

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