domingo, 5 de dezembro de 2021

Baile ao vento - Danci en la vento.




Sempre é um novo tempo:
um dia bom após a chuva da noite
recolho a água que escorre em mim.


Junto-as nas pontas em gotas
e parecem pérolas


Então eu imagino que me visto para um baile!
Sim, um baile.
Então, hoje visto-me de pérolas
para bailar-me ao vento.



Danci en la vento


Ĉiam estas nova tempo:
Bonan tagon post la
nokta pluvo
mi kolectas la akvon,
kiu fluas tra mi.


Mi kolektas ilin ĉe la
finoj en gutoj
kaj ili aspektas kiel
perloj.


Do mi supozas, ke mi
vestas min por danco!
Jes, danco.
Do hodiaŭ mi portas
perlojn
danci en la vento.


Beija-flor e a Flor - Kolibro kaj la Floro


Beija-flor bate asa ligeiro  
Fazendo gracejo para uma flor:    
paira no ar,      
voa para frente,    
voa para trás,   
faz um rodeio,    
como se fosse um convite. 
Um convite para uma dança!    
Se aproxima para seu beijo,  
mas não se engane     
Quem comanda é a flor.   



Kolibro kaj la Floro

Kolibro frapas malpeze
Farante ŝercon al floro: 
pendas en la aero,
flugu antaŭen,
flugu malantaŭen,
fari ĉirkaŭvojon
kvazaŭ ĝi estus invito.
Invito al danco!
Venas por via kiso,
sed ne eraru
Kiu ordonas estas la floro.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

O imaginário e o universo do “Olímpo Tupiniquim”

Geraldo Phonteboa 

Foto tirada do endereço: https://destaque1.com/olimpo-tupiniquim-livro-que-representa-brasil-em-feira-internacional-sera-lancado-em-salvador/

Tive o prazer de apreciar os textos e as imagens da obra “Olímpo Tupiniquim” de Magella Moreira e Rogério Pedro. Uma obra com sabor de infância e repleta de imaginação e de seres lendários, resultantes da diversidade étnica e cultura que deu origem a um povo único e exclusivo: o povo brasileiro. Esta obra, a meu ver, tem duas grandes qualidades e uma surpresa. 

A primeira qualidade é a revisitação do lendário brasileiro. Magella Moreira busca, não só contar as histórias de 23 personagens lendários do nosso folclore, seus textos vão além. Traz atualização de interpretações e ainda joga luz a possíveis pesquisas sobre as origens desses seres fantásticos. Seres constituídos de todas as misturas possíveis – tanto em seus corpos, quanto em suas características psicológicas, que geraram certos infortúnios, peraltices e malvadezas. Mas sem explicar tudo, o autor nos permite imaginar e querer investigar “algo mais”. E este “querer algo mais” é sempre uma qualidade dos bons livros. Um outro aspecto interessante na tessitura de seus textos é busca de contextualização humorada à realidade atual, que dá leveza ao texto e dialoga com o leitor. 

A segunda qualidade é a arte presente nas ilustrações. Rogério Pedro conseguiu construir ilustrações belíssimas condizente com o tropicalismo de nosso país. Usando muitas cores e expressando releituras desses seres fantásticos, tornou nossos monstros mais exuberantes. Esta interpretação artística de Rogério Pedro criou harmonia com os textos de Magella Moreira e nos permitiu ainda mergulhar mais profundamente no nosso imaginário artístico, me fez lembrar da Semana de Arte Moderna(...). Assim, a produção literária do lendário brasileiro, com suas cores, deixou nossos personagens mitológicos ainda mais mágicos e encantados, digno do “Olimpo Tupiniquim”. 

E por fim, a grande surpresa é o texto final intitulado de “Portal Lendário”, um verdadeiro portal para o “Olimpo Tupiniquim”. O texto fecha o livro, mas abre um “portal” da imaginação. Sem dúvida é uma viagem imaginária e fantástica do autor que conseguiu reunir todos estes “monstros” e “seres fantásticos” em uma competição inusitada, criativa e imaginativa – um novo “jogo olímpico” de proteção da natureza. E diferente dos “mitos” do Olímpo grego, os nossos seres mágicos – que não são deuses – e talvez por isso, não disputam entre si para saber quem são os melhores ou maiores. Reconhecem as qualidades de cada um e convivem e transformam a competição em um momento de diversão, em uma possibilidade do “brincar”. Aqui a competição entre esses magníficos personagens – agora coloridos com a arte de Rogério Pedro – são brincadeiras e diversão. Uma verdadeira festa tropical em defesa do meio ambiente e dos costumes e do respeito à diversidade. 

Que a leitura desta obra possa inspirar aos leitores, não somente a contar estas histórias, mas principalmente a valorizar a nosso povo e a nossa cultura. Mas para começar sugiro ler duas vezes o poema que prefacia a obra. Sim, o prefácio é um poema que ganha sentido pleno se lido no início e ao final da leitura do livro. Afinal, “Antes de Brasil ser dito estava escrito” porque, depois da revisitação deste lendário imaginário presente no “Olimpo Tupiniquim” ... “brota o meu coração Guaraná”