JOÃO DORNAS FILHO - PARTE I
A partir de hoje publicarei
nesta coluna uma seqüência de artigos com transcrição de parte de textos do
escritor mais famoso e importante de Itaúna do século XX. Importante pela
qualidade e diversidade de sua obra, bem como pelo alcance de suas publicações,
mas que, infelizmente, ainda é muito pouco conhecido pela maioria dos
itaunenses. Esta sequência de artigos é
na realidade o modo que encontrei de, modestamente, celebrar os 110 anos de seu
nascimento (07/08) e, também, os 50 anos de sua morte (16/12).
O autor, a quem me refiro, é
o itaunense João Dornas Filho, o “Zau”. Pra começar creio ser preciso fazer uma
pequena apresentação deste autor. Isso por quê, provavelmente, ao falar de João
Dornas Filho muita gente associará ao nome da escola estadual situada no bairro
Santo Antônio, mas que certamente não sabe de quem se trata e nem porque aquela
escola tem este nome. Então, quem foi João Dornas Filho?
João
Dornas Filho – fonte: www.viafanzine.com.br
João Dornas Filho é filho de
João Dornas dos Santos e Maria Eugênia Vianna Dornas. Seu pai era fazendeiro e
republicano com participação significativa no movimento republicano em Santana
de São João Acima (hoje Itaúna) no final do século XIX. João Dornas nasceu em
07/08/1902. Cursou a escola primária aqui mesmo em Itaúna, no grupo escolar
“Dr. Augusto Gonçalves”, formação básica eficiente para os vôos do futuro
escritor e historiador autodidata. Possuidor de um espírito curioso e
investigador, sempre esteve atento ao que acontecia ao ser redor. Até os anos
de 1920 já escrevia ensaios para os jornais locais como o informe cultural “Zum
Zum”.
Na década de 1920, João
Dornas Filho mudou para Belo Horizonte. Na capital conheceu um seleto grupo de
amigos intelectuais e juntos se envolveram no movimento literário denominado de
“movimento modernista”. Já na década de 1930, começa a publicar suas obras e
até o ano de 1951 já tinha publicado 12 livros: “Silva Jardim” (Cia. Editora
Nacional – Brasiliana, São Paulo, 1936); “Os Andradas na História do Brasil”
(Gráfica Queiroz Breiner – Belo Horizonte, 1937); “A Escravidão no Brasil”
(Civilização Brasileira S/A, - Rio de Janeiro, 1939); “Bagana Apagada” – contos
(Editora Guairá, Curitiba, 1940); “A Influência Social do Negro Brasileiro”
(Caderno Azul nº 13 – Editora Guairá, Curitiba, 1943); “Eça e Camilo” (Caderno
Azul nº 21, Editora Guairá, 1945); “Júlio Ribeiro” (Cadernos da Província nº 2
– Livraria Cultura Brasileira Ltda – Belo Horizonte, 1945); “Antônio Torres”
(Caderno Azul nº 31 – Editora Guairá – Curitiba, 1948); “Os Ciganos em Minas
Gerais” (Movimento Editorial Panorama – Edições João Calazans – Belo Horizonte,
1949) e “Efemérides Itaunenses” (Coleção Vila Rica – Edições João Calazans –
Belo Horizonte, 1.951).
Durante a publicação destas
obras, João Dornas Filho, ainda publicou inúmeros trabalhos coletivos em
revistas e jornais, sendo que, pela riqueza e pela regularidade de publicação
destaca-se a revista encarte do jornal Estado
de Minas, o periódico “Leite Criôlo”. A importância deste periódico é tanta
que hoje vem sendo objeto de pesquisa de mestrado e doutorado.
No ano de 1945, João Dornas
Filho foi eleito para a Academia Mineira de Letras, ocupando a cadeira de nº
12, cujo patrono é José de Alvarenga Peixoto. Segundo Miguel Augusto, durante
sua atuação na Academia Mineira de Letras foi um defensor da participação das
mulheres nos quadros da Academia.
João Dornas foi casado com Efigênia Ondina Xavier
Dornas, ela de Belo Horizonte. O casal não teve filhos. Faleceu aos 11 de
dezembro de 1962 com 60 anos de idade. O legado da obra de João Dornas passa a
pertencer a suas irmãs. Este rico acervo se encontra hoje sob os cuidados do
Instituto Maria de Castro e inclui manuscritos do historiador, bem como alguns
originais de livros e artigos. Este acervo foi doado por suas irmãs ao
Instituto.
Nos próximos artigos publicarei fragmentos de suas
obras, por acreditar que a melhor forma de homenagear um escritor é tornar suas
obras conhecidas, lidas por novos leitores. É desta forma que os autores se
eternizam.
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