segunda-feira, 24 de setembro de 2012

JOÃO DORNAS FILHO - PARTE I


A partir de hoje publicarei nesta coluna uma seqüência de artigos com transcrição de parte de textos do escritor mais famoso e importante de Itaúna do século XX. Importante pela qualidade e diversidade de sua obra, bem como pelo alcance de suas publicações, mas que, infelizmente, ainda é muito pouco conhecido pela maioria dos itaunenses.  Esta sequência de artigos é na realidade o modo que encontrei de, modestamente, celebrar os 110 anos de seu nascimento (07/08) e, também, os 50 anos de sua morte (16/12).

O autor, a quem me refiro, é o itaunense João Dornas Filho, o “Zau”. Pra começar creio ser preciso fazer uma pequena apresentação deste autor. Isso por quê, provavelmente, ao falar de João Dornas Filho muita gente associará ao nome da escola estadual situada no bairro Santo Antônio, mas que certamente não sabe de quem se trata e nem porque aquela escola tem este nome. Então, quem foi João Dornas Filho?


João Dornas Filho – fonte: www.viafanzine.com.br

João Dornas Filho é filho de João Dornas dos Santos e Maria Eugênia Vianna Dornas. Seu pai era fazendeiro e republicano com participação significativa no movimento republicano em Santana de São João Acima (hoje Itaúna) no final do século XIX. João Dornas nasceu em 07/08/1902. Cursou a escola primária aqui mesmo em Itaúna, no grupo escolar “Dr. Augusto Gonçalves”, formação básica eficiente para os vôos do futuro escritor e historiador autodidata. Possuidor de um espírito curioso e investigador, sempre esteve atento ao que acontecia ao ser redor. Até os anos de 1920 já escrevia ensaios para os jornais locais como o informe cultural “Zum Zum”.

Na década de 1920, João Dornas Filho mudou para Belo Horizonte. Na capital conheceu um seleto grupo de amigos intelectuais e juntos se envolveram no movimento literário denominado de “movimento modernista”. Já na década de 1930, começa a publicar suas obras e até o ano de 1951 já tinha publicado 12 livros: “Silva Jardim” (Cia. Editora Nacional – Brasiliana, São Paulo, 1936); “Os Andradas na História do Brasil” (Gráfica Queiroz Breiner – Belo Horizonte, 1937); “A Escravidão no Brasil” (Civilização Brasileira S/A, - Rio de Janeiro, 1939); “Bagana Apagada” – contos (Editora Guairá, Curitiba, 1940); “A Influência Social do Negro Brasileiro” (Caderno Azul nº 13 – Editora Guairá, Curitiba, 1943); “Eça e Camilo” (Caderno Azul nº 21, Editora Guairá, 1945); “Júlio Ribeiro” (Cadernos da Província nº 2 – Livraria Cultura Brasileira Ltda – Belo Horizonte, 1945); “Antônio Torres” (Caderno Azul nº 31 – Editora Guairá – Curitiba, 1948); “Os Ciganos em Minas Gerais” (Movimento Editorial Panorama – Edições João Calazans – Belo Horizonte, 1949) e “Efemérides Itaunenses” (Coleção Vila Rica – Edições João Calazans – Belo Horizonte, 1.951).

Durante a publicação destas obras, João Dornas Filho, ainda publicou inúmeros trabalhos coletivos em revistas e jornais, sendo que, pela riqueza e pela regularidade de publicação destaca-se a revista encarte do jornal Estado de Minas, o periódico “Leite Criôlo”. A importância deste periódico é tanta que hoje vem sendo objeto de pesquisa de mestrado e doutorado.

No ano de 1945, João Dornas Filho foi eleito para a Academia Mineira de Letras, ocupando a cadeira de nº 12, cujo patrono é José de Alvarenga Peixoto. Segundo Miguel Augusto, durante sua atuação na Academia Mineira de Letras foi um defensor da participação das mulheres nos quadros da Academia.

João Dornas foi casado com Efigênia Ondina Xavier Dornas, ela de Belo Horizonte. O casal não teve filhos. Faleceu aos 11 de dezembro de 1962 com 60 anos de idade. O legado da obra de João Dornas passa a pertencer a suas irmãs. Este rico acervo se encontra hoje sob os cuidados do Instituto Maria de Castro e inclui manuscritos do historiador, bem como alguns originais de livros e artigos. Este acervo foi doado por suas irmãs ao Instituto.

Nos próximos artigos publicarei fragmentos de suas obras, por acreditar que a melhor forma de homenagear um escritor é tornar suas obras conhecidas, lidas por novos leitores. É desta forma que os autores se eternizam.

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