No último dia 18 de setembro foi comemorado os 23 anos do Museu Municipal.
Para esta comemoração foi realizado o evento cultural que nasceu no próprio
museu, idealizada durante a gestão de Maria Lúcia Mendes: A Seresta. O Museu de
Itaúna passou por momentos de glória e atualmente vive seus dias mais
críticos... A Secretaria de Educação e Cultura já apresentou um Projeto de
Restauração, sendo este aprovado Conselho do Patrimônio Cultural – o
Codempace, e agora está na Prefeitura aguardando as devidas autorizações para
o início das obras.
A edificação do Museu, isto é sua estrutura arquitetônica, é de estilo
eclético, sendo o início de sua construção em 1911 para abrigar a Estação
Ferroviária de Itaúna. Em 1917, a pequena Estação ganhou ampliação e tornou-se
o que é hoje. Sua construção impulsionou o desenvolvimento urbano e econômico
do município. Até o ano de 1986, a estação teve pleno funcionamento, sendo
inclusive o coração pulsante da cidade na primeira metade do século XX.
Com a desativação da estação, primeiro o transporte de passageiros e depois
o de carga, e sua transferência para o Bairro Irmãos Auler, o prédio ficou
abandonado. Este abandono permaneceu até o início da década de 1990, quando a
Prefeitura Municipal, através de um termo de comodato, transformou a Estação em
sede do Museu Municipal “Francisco Manoel Franco”, que foi inaugurado aos 18 de
setembro de 1992.
No ano de 1991, o então Prefeito Municipal, Osmando Pereira, em seu
primeiro mandato encaminhou o projeto de criação do museu ao poder legislativo
(Câmara dos Vereadores) que o aprovou, através da Lei nº 2.570 de 18 de
setembro de 1992. Nesta mesma Lei evidencia a finalidade do Museu Municipal “preservar e divulgar a cultura em seus
múltiplos aspectos, através de seu acervo e atividades pertinentes à sua área,
promovendo o conhecimento da produção vivenciada pelos itaunenses e colaborando
para o desenvolvimento cultural da comunidade.”.
O acervo do Museu, então, começou a ser montado através de doações,
empréstimos e comodatos e, em alguns casos, compras, como por exemplo a compra
do acervo fotográfico de Benevides Garcias. Em 1991, o Museu recebeu, como
empréstimo, a locomotiva - tipo “Maria Fumaça”, de fabricação da “Baldwin
Locomotiva Works” datada de 1919. Esta locomotiva foi instalada na Praça de
Estação com objetivo de ser atração cultural.
Com a aprovação da Lei na Câmara, a prefeitura pode assinar vários
convênios com a RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.). Dentre os convênios, o
mais significativo e importante foi celebrado no ano de 1995, quando a Rede
Ferroviária dá o seu aceite para a realização, nas dependências da Estação de projetos
de natureza cultural, educacional e urbanístico, particularmente aqueles
relacionados com a preservação, valorização e difusão do patrimônio, da memória
e das tradições ferroviárias, no âmbito do Município de Itaúna. Para isto o
prédio recebeu uma restauração técnica, tendo em vista a manutenção de seus
traços arquitetônicos originais.
Desde o princípio o Museu age em parceria com a Educação servindo à
coletividade e, principalmente, promovendo diversidades educativas aos jovens,
oportunizando a eles valores como a importância da preservação patrimonial de
nossa gente, ao longo do tempo e do espaço. Durante as administrações de
Osmando Pereira e Hidelbrando Canabrava Rodrigues (e nesta gestão deve-se
destacar os trabalhos do então vice-prefeito Guaracy de Castro e de David de
Carvalho) o museu estava sob a direção de Maria Lúcia Mendes. Neste período
várias atividades foram desenvolvidas como o projeto “Nossa Gente”, o “Sarau de
Poesias” e a “Seresta no Museu”. Destes eventos a “Seresta no Museu” tornou-se
evento oficial do calendário Cultural da cidade.
Durante o primeiro mandado do Prefeito Eugênio Pinto a diretoria do Museu
estava sob a responsabilidade de Janete Rodrigues que procurou levar o Museu
para as unidades escolares aproximando mais ainda Educação e Museu. Já no
segundo mandato do prefeito Eugênio Pinto, a partir de sua reestruturação
administrativa, o museu deixou de ter uma diretoria e passou a ser
responsabilidade direta do departamento de Cultura – hoje Gerência de Cultura,
ficando apenas uma pequena equipe de funcionários que não possuía autonomia na
condução das atividades. Inicia-se, assim, um processo de decadência das
atividades na instituição museológica.
Hoje, depois de 23 anos e com inúmeros problemas estruturais, o Museu vive
um momento difícil de sua história. O Museu possui apenas um único funcionário
e não possui condições de funcionamento em tempo integral. O prédio está com a
estrutura precária e necessita, com urgência, de intervenção, não somente da
parte física, mas também na parte administrativa e organizacional, como por
exemplo um Plano Museulógico, uma equipe autônoma e treinada para o
desenvolvimento de suas atividades, de modo a atender a população, tanto
durante a semana, como nos fins de semana e feriados.
A Secretaria de Educação de Cultura do Município, como afirmamos no início
deste texto, está buscando sanar estes problemas, através do Projeto de Restauração
já aprovado pelo Conselho, e que se encontra agora nas mãos do executivo. Neste
sentido queremos reconhecer e valorizar os esforços da Secretaria de Educação e
Cultura e da Gerência de Cultura.
No entanto, devemos destacar que outras ações são necessárias e que estas
não dependem somente da Secretaria de Educação e Cultura, mas de todas as
autoridades constituídas. É urgente a revitalização de todo o entorno da
Estação Ferroviária, isto porque, a Praça da Estação se transformou em ponto de
prostituição, e na parte de trás do Museu em ponto de consumo de entorpecentes.
Esta realidade tem dificultado o desenvolvimento de atividades culturais com
alunos das escolhas junto ao Museu.
A presença dos consumidores de drogas e dos frequentadores da Praça da
Estação em busca de sexo, tem prejudicado, em muito, o desenvolvimento de
atividades junto ao Museu Municipal e tem se tornado em um dos mais graves problemas
para os moradores do entorno do local.
Ao comemorar os 23 anos do Museu queremos, através desta matéria, conclamar
a classe política de Itaúna (prefeitos, secretários, vereadores) e demais
autoridades constituídas para ouvir a comunidade local (moradores
principalmente) no sentido de tornar este ambiente mais digno, visto que foi
nesta Estação Ferroviária que pulsava a vida nos primórdios da história de
nossa Itaúna.
Lembro de sentar ali com uma turma, quando tinha 17 anos, à beira do Ateliê do Levy, para roda de violão, casos, jogos e bons momentos.
ResponderExcluir