Geraldo Phonteboa
Foto tirada do endereço: https://destaque1.com/olimpo-tupiniquim-livro-que-representa-brasil-em-feira-internacional-sera-lancado-em-salvador/
Tive o prazer de apreciar os textos e as imagens da obra “Olímpo Tupiniquim” de Magella Moreira e Rogério Pedro. Uma obra com sabor de infância e repleta de imaginação e de seres lendários, resultantes da diversidade étnica e cultura que deu origem a um povo único e exclusivo: o povo brasileiro. Esta obra, a meu ver, tem duas grandes qualidades e uma surpresa.
A primeira qualidade é a revisitação do lendário brasileiro. Magella Moreira busca, não só contar as histórias de 23 personagens lendários do nosso folclore, seus textos vão além. Traz atualização de interpretações e ainda joga luz a possíveis pesquisas sobre as origens desses seres fantásticos. Seres constituídos de todas as misturas possíveis – tanto em seus corpos, quanto em suas características psicológicas, que geraram certos infortúnios, peraltices e malvadezas. Mas sem explicar tudo, o autor nos permite imaginar e querer investigar “algo mais”. E este “querer algo mais” é sempre uma qualidade dos bons livros. Um outro aspecto interessante na tessitura de seus textos é busca de contextualização humorada à realidade atual, que dá leveza ao texto e dialoga com o leitor.
A segunda qualidade é a arte presente nas ilustrações. Rogério
Pedro conseguiu construir ilustrações belíssimas condizente com o tropicalismo
de nosso país. Usando muitas cores e expressando releituras desses seres
fantásticos, tornou nossos monstros mais exuberantes. Esta interpretação
artística de Rogério Pedro criou harmonia com os textos de Magella Moreira e nos
permitiu ainda mergulhar mais profundamente no nosso imaginário artístico, me
fez lembrar da Semana de Arte Moderna(...). Assim, a produção literária do
lendário brasileiro, com suas cores, deixou nossos personagens mitológicos ainda
mais mágicos e encantados, digno do “Olimpo Tupiniquim”.
E por fim, a grande surpresa é o texto final intitulado de “Portal Lendário”, um verdadeiro portal
para o “Olimpo Tupiniquim”. O texto fecha o livro, mas abre um “portal” da
imaginação. Sem dúvida é uma viagem imaginária e fantástica do autor que
conseguiu reunir todos estes “monstros” e “seres fantásticos” em uma competição
inusitada, criativa e imaginativa – um novo “jogo olímpico” de proteção da
natureza. E diferente dos “mitos” do Olímpo grego, os nossos seres mágicos – que
não são deuses – e talvez por isso, não disputam entre si para saber quem são os
melhores ou maiores. Reconhecem as qualidades de cada um e convivem e
transformam a competição em um momento de diversão, em uma possibilidade do
“brincar”. Aqui a competição entre esses magníficos personagens – agora
coloridos com a arte de Rogério Pedro – são brincadeiras e diversão. Uma
verdadeira festa tropical em defesa do meio ambiente e dos costumes e do
respeito à diversidade.
Que a leitura desta obra possa inspirar aos leitores,
não somente a contar estas histórias, mas principalmente a valorizar a nosso
povo e a nossa cultura. Mas para começar sugiro ler duas vezes o poema que
prefacia a obra. Sim, o prefácio é um poema que ganha sentido pleno se lido no
início e ao final da leitura do livro. Afinal, “Antes de Brasil ser dito estava
escrito” porque, depois da revisitação deste lendário imaginário presente no
“Olimpo Tupiniquim” ... “brota o meu coração Guaraná”
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