sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

O imaginário e o universo do “Olímpo Tupiniquim”

Geraldo Phonteboa 

Foto tirada do endereço: https://destaque1.com/olimpo-tupiniquim-livro-que-representa-brasil-em-feira-internacional-sera-lancado-em-salvador/

Tive o prazer de apreciar os textos e as imagens da obra “Olímpo Tupiniquim” de Magella Moreira e Rogério Pedro. Uma obra com sabor de infância e repleta de imaginação e de seres lendários, resultantes da diversidade étnica e cultura que deu origem a um povo único e exclusivo: o povo brasileiro. Esta obra, a meu ver, tem duas grandes qualidades e uma surpresa. 

A primeira qualidade é a revisitação do lendário brasileiro. Magella Moreira busca, não só contar as histórias de 23 personagens lendários do nosso folclore, seus textos vão além. Traz atualização de interpretações e ainda joga luz a possíveis pesquisas sobre as origens desses seres fantásticos. Seres constituídos de todas as misturas possíveis – tanto em seus corpos, quanto em suas características psicológicas, que geraram certos infortúnios, peraltices e malvadezas. Mas sem explicar tudo, o autor nos permite imaginar e querer investigar “algo mais”. E este “querer algo mais” é sempre uma qualidade dos bons livros. Um outro aspecto interessante na tessitura de seus textos é busca de contextualização humorada à realidade atual, que dá leveza ao texto e dialoga com o leitor. 

A segunda qualidade é a arte presente nas ilustrações. Rogério Pedro conseguiu construir ilustrações belíssimas condizente com o tropicalismo de nosso país. Usando muitas cores e expressando releituras desses seres fantásticos, tornou nossos monstros mais exuberantes. Esta interpretação artística de Rogério Pedro criou harmonia com os textos de Magella Moreira e nos permitiu ainda mergulhar mais profundamente no nosso imaginário artístico, me fez lembrar da Semana de Arte Moderna(...). Assim, a produção literária do lendário brasileiro, com suas cores, deixou nossos personagens mitológicos ainda mais mágicos e encantados, digno do “Olimpo Tupiniquim”. 

E por fim, a grande surpresa é o texto final intitulado de “Portal Lendário”, um verdadeiro portal para o “Olimpo Tupiniquim”. O texto fecha o livro, mas abre um “portal” da imaginação. Sem dúvida é uma viagem imaginária e fantástica do autor que conseguiu reunir todos estes “monstros” e “seres fantásticos” em uma competição inusitada, criativa e imaginativa – um novo “jogo olímpico” de proteção da natureza. E diferente dos “mitos” do Olímpo grego, os nossos seres mágicos – que não são deuses – e talvez por isso, não disputam entre si para saber quem são os melhores ou maiores. Reconhecem as qualidades de cada um e convivem e transformam a competição em um momento de diversão, em uma possibilidade do “brincar”. Aqui a competição entre esses magníficos personagens – agora coloridos com a arte de Rogério Pedro – são brincadeiras e diversão. Uma verdadeira festa tropical em defesa do meio ambiente e dos costumes e do respeito à diversidade. 

Que a leitura desta obra possa inspirar aos leitores, não somente a contar estas histórias, mas principalmente a valorizar a nosso povo e a nossa cultura. Mas para começar sugiro ler duas vezes o poema que prefacia a obra. Sim, o prefácio é um poema que ganha sentido pleno se lido no início e ao final da leitura do livro. Afinal, “Antes de Brasil ser dito estava escrito” porque, depois da revisitação deste lendário imaginário presente no “Olimpo Tupiniquim” ... “brota o meu coração Guaraná”

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