Hoje eu tive
o prazer de estar a folhear um antigo jornal da cidade de Itaúna, - mais
precisamente o Tribuna Itaunense, edição nº 551, Ano 12, de 28 de março a 4 de
abril de 1987, portanto uma edição de 29 anos. Nesta época o chefe do Executivo
era o Prof. Francisco Ramalho. Além disso, Oscar Dias Corrêa tornava-se o
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, com matéria publicada nesta mesma
edição e na mesma página em que podemos ler matéria subscrita ao título “E
nossa Cultura?”.
Esta matéria
inicia com destaque sobre o posicionamento do então vereador Osmando Pereira da
Silva que, acreditem, fazia um veemente apelo ao então Prefeito Francisco
Ramalho, em favor da Cultura Itaunense, que, segundo ele, o Vereador Osmando,
estava “capenga”. E continua o discurso do vereador no uso da tribuna da
câmara: “Paralização completa de nosso teatro, ausência de corais e grupos
folclóricos, mostra de arte e completa desafinação nos festejos populares
passaram à rotina, e hoje as pessoas ligadas à cultura dão conta de um processo
regressivo desde a mudança política de 1982.”
A matéria
continua apresentando o desabafo do vereador, que estende sua crítica além do
poder municipal, chegando, inclusive a criticar a Universidade de Itaúna que,
segundo ele, desativou a Diretoria de Extensão, que outrora ainda promovia a
edição de obras de autores itaunenses. Em seguida destaca o pedido de demissão
do diretor de cultura, o teatrólogo “Meio-Quilo”, frustrado com a falta de
recursos e de apoio das secretarias, de modo especial da Secretaria de
Educação, que na época era totalmente desvinculada das atividades artísticas da
cidade, além da falta de autonomia para o exercício da promoção cultural em
Itaúna, onde “vários burocratas complemente insensíveis ao assunto” interferiam
constantemente.
Nesta fala do
Vereador Osmando, afirma o Jornal, “pediu a criação de uma Secretaria de
Cultura com amplos poderes para dinamizar a arte e a cultura em nossa terra.”
E, não obstante, ser o vereador “líder do prefeito na Câmara, com trânsito
livre e indiscutível prestígio junto ao executivo, fez um apelo veemente a
união de todos os demais vereadores, independente de partido ou facção
política, para a restauração da cultura itaunense.”
Ora pois, se
em 1987, o então vereador Osmando Pereira da Silva tinha consciência da
necessidade e da urgência de “criação da Secretaria de Cultura com amplos
poderes para dinamizar a arte e a cultura em nossa terra”, 29 anos depois
continuamos como estávamos. Destaca-se, no entanto, que o município foi
governado pelo senhor Osmando por um longo período, e que, ainda hoje, ocupa o
cargo de chefe do executivo, com poderes plenos e capazes de executar o que
propunha a 29 anos atrás: “A criação da Secretaria de Cultura com amplos
poderes para dinamizar a arte e a cultura em nossa terra”. Diga-se de passagem
que até a presente data, não temos aprovada uma lei de incentivo a cultura em
nosso município, onde os jovens talentos de nossa terra: músicos, teatrólogos,
escritores, artistas plásticos, dançarinos e tantos outros, não encontra o
apoio necessário para o desenvolvimento de seus potenciais artísticos e para a
promoção da cultura de nossa terra.
Em 2016, 29
anos depois do apelo do então líder do prefeito na Câmara, Osmando Pereira da
Silva, nós, cidadãos que atuamos na cultura da cidade, com muito esforço, garra
e dificuldades, estamos reafirmando o seu apelo: a Cultura de Itaúna continua
“Capenga”, não porque os artistas itaunenses são incapazes ou pouco criativos,
mas porque os homens que estão no poder e que poderiam promover e apoiar a
cultura de nossa cidade, simplesmente se omitem, são inoperantes, não tem a
coragem e a audácia de criar os mecanismos necessários para apoio efetivo na
promoção de nossa cultura. Faltou vontade política de todos os prefeitos, desde
1987 até a administração atual, faltou a audácia e visão dos vereadores em
promover a cultura de nossa cidade. Os artistas, ao longo destes anos fizeram
sua parte, na medida do possível. Foram criativos, criaram e desenvolveram
atividades dentro de suas possibilidades.
Então, senhor
prefeito Osmando Pereira da Silva que diz estar “Construindo Oportunidades”, COMO
SUGESTÃO, renovamos o seu próprio apelo: CRIE “a Secretaria de Cultura com
amplos poderes para dinamizar a arte e a cultura em nossa terra”. Ora, ora,
sabemos que uma secretaria não é tudo, mas é o princípio para uma política que
visa “construir oportunidades”.
A arte e a
Cultura de Itaúna merece?! O que impede ao Senhor Prefeito para atender uma
necessidade real e concreta já apontada por você a 29 anos?!!!
RECURSOS
FINANCEIROS PARECE NÃO SER PROBLEMA, VISTO QUE CONCEDEU AUMENTO DE SALÁRIOS AOS
SEUS PRÓPRIOS VENCIMENTOS E AINDA VAI CONSTRUIR UM NOVO CENTRO
ADMINISTRATIVO?!!
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