Na semana
passada relembrei, aqui, a proposta feita pelo então senhor vereador Osmando
Pereira, no ano de 1987, sobre a necessidade de criação de uma Secretaria
Municipal de Cultura. Depois de algumas polêmicas embrionárias, não em torno do
texto em si, mas de modo particular contra a minha “falta de diplomacia e pouca
inteligência”, quanto a viabilidade da publicação daquele texto, mesmo
considerando que o texto possuía verdades, o momento não era apropriado. O
texto continua disponível em meu blog (http://phonteboa.blogspot.com.br/2016/01/uma-secretaria-de-cultura-em-itauna.html)
e no espaço virtual Horizonte Paralelo (http://horizonteparalelo.net).
Polêmicas à
parte, cabe a mim reiterar as proposições apresentadas naquele texto, sendo a
principal, a SUGESTÃO de se separar a pasta da cultura da pasta da Educação.
Sugestão esta que, diga-se de passagem, não é minha, é do próprio Senhor
Osmando Pereira da Silva, quando era vereador. Tenho eu o poder de criar esta
Secretaria? Não. Cabe a mim avaliar se ela é viável? Não. Ela é necessária?
Sim. Como posso fundamentar tal necessidade? A ausência de uma política de
apoio à produção cultural de nossa cidade; a falta de recursos claramente
visíveis para a aplicação e para o investimento em uma política duradoura e
eficaz na promoção da cultura; a ausência de uma coordenação dos projetos
culturais de formação cultural, etc...
Sendo assim, vamos mudar de assunto. Quero
agora “falar das flores”, isso porque não depende de diplomacia, nem de
inteligência. Para tanto relembro da canção de Geraldo Vandré, 2º lugar no Festival
Internacional da Canção de 1968. Esta música tornou-se símbolo de resistência
ao regime militar, pelo simples fato de ser proibida pela censura. A derrota de “Caminhando” (como era conhecida
pela população) para “Sabiá” (de Chico Buarque) gerou muita polêmica na época e
ainda repercutiu por anos. O que é muito curioso é que “Para não dizer que não
falei das flores” tornou-se mais conhecida e cantada do que a vencedora
“Sabiá”.
Após a censura
desta canção Geraldo Vandré passou alguns dias escondido na fazenda de Aracy de
Carvalho Guimarães Rosa, viúva de Guimarães Rosa, o compositor partiu para o Chile
e, de lá, para a Alemanha e França. Quando retornou ao Brasil, em um depoimento
polêmico à Rede Globo (idônea e imparcial) de que só iria compor canções de
amor. Então, por isso, resolvi “falar das flores” e, para tanto, escolhi a
Rosa, a “Rosa de Hiroshima”. Poema de Vinícius de Morais, mas que foi musicado
por Gerson Conrad e gravado em 1973 pelo grupo “Secos e Molhados”. “Rosa de
Hiroshima” era na realidade um repúdio ao uso de armas nucleares... Mas rosa
são muitas e não há rosas iguais, mesmo as rosas sejam da mesma cor, não há
rosas iguais. E por que? A resposta é simples e não requer inteligência: Cada
rosa é uma rosa única, porque nenhuma pétala é igual a outra, assim como as
rosas, cada pétala é única. E a rosa para ser exclusiva e única “abraça” as
diferenças existentes em cada pétala. A rosa, para ser rosa, faz com que as
pétalas que são diferentes entre si, se interlaçam e convivam com suas
diferenças. Harmonizam sem anular as diferenças. Acolhe e envolve sem anular. Cada
pétala é pétala, iguais em suas diferenças, e no conjunto destas diferenças a
unidade e exclusividade da rosa.
Não estou
inventando a roda, nem a rosa, só reeditando o caminho assumido por aquele que
um dia ousou “dizer de flores vencendo canhões”, mesmo sabendo que “somos todos
iguais, braços dados ou não” (pois somos pétalas em uma rosa, e assim somos
rosa). Então, “vem vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora,
não espera acontecer”. Ele escolheu o caminho do silêncio e do anonimato, eu,
ao contrário produzirei ficções e falarei de flores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário