sexta-feira, 4 de outubro de 2013

SOBRE NADA II
 O Barão de Itararé – brasileiro ou uruguaio – o ressurreto
Você já ouviu falar em Aparício Torelly? Provavelmente não. Mas pelo sim, pelo não: Aparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, este gaucho-uruguaio, pelo menos é o que consta em seu título de eleitor, mas há outros documentos que o naturaliza Uruguaio, o que não importa, visto ser ele um cidadão do mundo. Torelly, também conhecido pelo falso título de Barão de Itararé, foi jornalista, escritor e o pioneiro no humorismo político brasileiro. Dentre as suas expressões no campo do humorismo está a frase, que julgo bastante oportuna para os dias atuais da política brasileira, “O mundo dos vivos é cada vez mais governados pelos mais vivos”.  
Silogismos à parte, Brasília seria a terras dos “mais vivos”( ou dos mais safados?). E já vou pedindo desculpas aos cidadãos de Brasília que não frequentam os gabinetes, os palácios e os órgãos públicos do governo (sobrou alguém?), afinal não quero ofeder nenhum inocente, e vai que um dia eu, por ironia do destino, venha a ocupar uma dessas repartições públicas de Brasília! (não que eu pretenda!).
A reforma política, que não sai do papel porque não interessa o(s) partido(s) que está(ão) no poder, prometida pela própria presidente da República, Sra. Dilma Roussef, que nós “os vivos” acreditamos ser a autoridade máxima da nação, após a pressão popular (ou “fogo de palha”) dos movimentos de rua em julho deste ano. Então os “mais vivos” aproveitam da situação para empurrar os prazos impedindo “mineiramente” (e fico triste em utilizar este termo por ser de Minas) as mudanças políticas e garantindo pelo menos mais um mandato nos cargos de destaque (bem remunerados) da nação.
E, para aproveitar desta situação “os mais vivos” montam suas bancas nos palácios, bastidoress, corredores, para uma verdadeira revoada entre as legendas partidárias (32 partidos, mas vai chegar aos 40, afinal não dá para fazer um(a) “Alibabá e os 40 ladrões“ com 32 partidos!). No Brasil os nossos deputados, senadores, chefes do executivo (1º e 2º escalão), vereadores e por que não, os altos cargos dos poder judiciário defendem os interesses dos partidos, embora falam que é da nação brasileira. O partido é mais importante que o brasileiro, e muuiiiito mais que o país. O partido é o barco governado por eles. O partido, que é apenas uma pequena parte de um mesmo grupo, afinal dividido em partes fica mais fácil comer a pizza, o bolo, o biscoito ou qualquer outra coisa que se quer comer.
Cada partido no Brasil, infelizmente, tem uma única ideologia, se é que é ideologia (talvez seja apenas  uma única ideia, “ficar no poder para manter seus privilégios) e o país dos “vivos” devem continuar fazendo o seu papel: trabalhando, mendigando e contribuindo com seus parcos(?) impostos para manter o sistema funcionando.
Enquanto isso, os professores do Rio de Janeiro, que são apenas “vivos”, são tratados como bandidos (daí a ação da polícia com sua tropa de choque – e haja choque), somente porque querem participar do processo de elaboração de seus planos de cargos e salários. Já os professores do município de Itaúna, que também não participaram e que ainda não se mobilizam para participar da elaboração de seu plano de Cargos e Salários, cuja minuta está pronta desde o ano 2003 (portanto 10 anos), e que os “mais vivos” não tiveram a coragem de enviar para os outros “mais vivos” aprovar, porque poderia gerar algumas dificuldades financeiras (não pela falta de dinheiro, mas porque sobraria menos para “os mais vivos” ou perderia uma pequena fatia do bolo ou da pizza “pública” - deste público específico). E por falar em plano de cargos e salários, que segundo a LDB, teria como um dos pilares básicos a “valorização” dos profissionais da educação, e por valorização a categoria (ou classe?) compreende como melhoria nos salários e na garantia de seus direitos ao longo da carreira do magistério, mas que os “mais vivos” querem entender como ampliação do controle sobre a categoria de trabalhadores, como o aumento da carga horária, o controle do tempo extraclasse, o controle dos processos e procedimentos, sem, no entanto, garantir a equiparação salarial conforme a titulação dos profissionais da educação prevista na Lei do Piso Nacional de Educação (Lei 11.738/2008).
E nesta letargia político-administrativa do governo municipal (dos “mais vivos) e de inoperância da educação pública (dos subalternos dos “mais vivos” que se acham “mais vivos”, mas que são apenas “vivos”) o Plano de Carreira não é discutivo com a categoria (ou classe?). E, ao mesmo tempo, a categoria que também se acha “viva”, fica esperando pela ação dos “mais vivos” que não pretendem agir.... Foi por este motivo que passaram-se dez anos e o Plano de Carreira está em fase de análise (profunda, mas tão profunda que é inacessível aos “vivos” e aos “mais vivos”). E nesta análise profunda, devido a longa duração de análise, será preciso reformular o Plano de carreira, sem falar em Cargos e salário (visto se tratar de um tema complexo e espinhoso) não será encaminhado para a aprovação dos outros “mais vivos” – os do “poder legislativo” e muito menos para discussão (porque os “vivos” acreditam que não resolve discutir, pois não acreditam mais em uma aprovação). E neste impasse, a Lei do Piso não é cumprida, a escola não muda, a categoria (ou classe?) continua na mesma e os “mais vivos” continuam governando os “vivos”. E é por isso que o Barão de Itararé, o nosso brasileiro uruguaio está sendo ressuscitado e celebrado, não por ser brasileiro ou uruguaio, mas por constatar que no “mundo dos vivos é cada vez mais (e mais, e mais, e mais) governados pelo mais vivos”. Afinal é ético não ter ética. Sendo assim ser ético é anti-ético (com ou sem hífen?).
 

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