“Pensamentos
inúteis” e o Sistema - (Parte Final)
O que transforma o homem em um ser imprevisível e
capaz de romper com os sistemas é sua capacidade de fazer perguntas. A pergunta
tem um papel fundamental dentre da dinâmica humana: é ela que promove o novo,
que institui e instala a dúvida, que promove o desconforto e tira o próprio
homem de seu espaço comum, de sua “zona de conforto”. A pergunta é também um
espaço privilegiado para a ruptura com os sistemas que as instituições
implantam na tentativa de controlar os processos e as atividades de seus
funcionários (também chamados de “colaboradores”). E por que isso ocorre?
Vejamos.
Os sistemas não fazem perguntas. Este é um
“espaço” de humanização possível dentro do sistema, ou da matrix. Assim, como “desconfiado que sou”, aproveito este “espaço” e
pergunto: seria este verdadeiro ou enganador?
Considerando o “espaço” da pergunta como
verdadeiro vem a dúvida se as perguntas serão elaboradas, e se essas serão
suficientes para romper com as capacidades dos sistemas se adaptarem e
manipularem nossas próprias perguntas. E mesmo assim, seremos capazes de
resistir ao sistema através de nossa capacidade de perguntar, de criar
dificuldades na instalação dos sistemas... Mas se considerarmos que o “espaço”
de perguntar seja falso então teremos escolhas? Resta-nos algo mais?
Considerando o “espaço” da pergunta, do
questionamento, como um “falso espaço” o sistema, provavelmente, nos ofertará
algumas opções. E quem serve ao sistema sabem que opções são estas: o “falso
espaço” das escolhas. Quantas vezes já ouvimos frases como “você pode fazer
escolhas” ou “façam suas escolhas”. Dentre as escolhas ofertadas pelos sistemas
a primeira e mais comum é: você pode escolher entre continuar a atender as
exigências do sistema ou você pode escolher sair do sistema. A partir deste
modelo clássico de escolha, as demais escolhas apresentadas pelo sistema dela
derivam. E porque esta escolha e todas as outras são “falsos espaços”
construídos pelo sistema?
Se escolher permanecer no sistema, ter-se-á que
esquecer a possibilidade de questionar, de perguntar. Sendo assim se se perde a
essência, se se deixa de existir e o resto será servir ao sistema. No entanto,
se escolher sair do sistema, provavelmente, será “excluído” do sistema e
colocado à disposição de outros sistemas ou subsistemas. Então, as “escolhas”
são os “falsos espaços” definitivos e criados dentro dos diversos sistemas.
Assim sendo, sair do sistema não é uma escolha, mas também permanecer no
sistema não é uma escolha, por isso todas as escolhas são apenas “falsos
espaços”.
O único espaço, que de alguma forma, parece
permanecer como um possível “espaço”, possível de ser verdadeiro, que dentro ou
fora do sistema é a nossa possibilidade de perguntar. Talvez seja por isso que,
desde os tempos dos filósofos clássicos – os gregos Sócrates, Platão e
Aristóteles – a “pergunta” é mais importante que a resposta. A resposta é estéril.
É presa fácil dos sistemas. A pergunta é “a possibilidade do novo”. É a
expressão de nossa humanidade. É nossa essência. Questionar, perguntar,
interrogar. Não se trata de incomodar o sistema, trata-se humaniza-lo, de
compartilhar nossa “essência” e manter vivo dentro do sistema.
Que sejamos criativos ao elaborar nossas perguntas
e que elas não cessem! Embora muitos serão silenciados, outros expulsos do
sistema, outros cooptados, outros..., mas façamos nossas “perguntas”, são elas
que nos humanizam e que tornam a vida possível dentro do Sistema e a pesar dos
Sistemas. Que nossas “perguntas” sejam capazes de nos conduzir por caminhos que
possibilitam a construção de “espaços” novos e verdadeiros dentro dos sistemas!
E então, faço a primeira pergunta: você pode me
ajudar?
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