MANIFESTAÇÕES, MÁSCARAS,
MASCARADOS, BLACK BLOC, ETC E TAL.
O Gigante acordou,
mas voltou a dormir?! Os protestos continuam, embora mais timidamente. Não
podemos esquecer que alguns jovens continuam protestando, mas agora com um
simbolismo um pouco mais focado e, ao mesmo tempo, um pouco mais incisivo,
principalmente na questão da violência, na destruição de patrimônio público e
privado (chamado por eles de símbolos do capitalismo). E então, acredito que
este é um fato importante e que de certo modo cabe-nos algum tipo de reflexão sobre
a entidade que comanda os jovens que, de rosto coberto, protestam contra…
Contra o que, mesmo?
O fato é que um
bando de mascarados cria uma imagem bastante simbólica. Forte, certamente sim,
e que atrai o olhar de quem passa ao lado, não resta dúvida, mas que não atrai
muita gente, não cria multidão de seguidores, e, por isso mesmo não expressa a
“vontade popular”. Neste sentido, não representa aquele coro “vem pra rua, vem,
você também” que funcionava como um catalisador e ia agregando milhares à
multidão.
Desta forma este
pequeno grupo, classificados por alguns de “baderneiros”, por outro de
“vândalos”, se constitui como um grupo monolítico, hermético, quase impermeável.
E os gritos, as ameaças, a coação, as estocadas, a covardia de quem tapa o
rosto para ganhar coragem de enfrentar o que não consegue enfrentar de cara
limpa é o que é mais evidente. Lembram-me um pouco, é claro com as devidas
ressalvas e diferenças, a Ku Klux Klan vestida de preto. Uma KKK pós-modernista,
onde o alvo principal, não é o negro ou o racismo exacerbado, mas o capitalismo.
Mas do mesmo jeito não aceitam o diálogo, mas o “Destruir” é a chave de sua
própria ação: Destruir os governos, as instituições, o capitalismo, a liberdade
de imprensa, enfim o diálogo. E o que propõe? O que construir no lugar?
Destruir por destruir?!
Esses homens –
jovem na sua maioria – mascarados denominam-se, dentre outros grupos, de Black
Bloc. E o que seria o Black Bloc? Olhando sobre este grupo na rede mundial de
computadores, eles se definem não como um movimento, mas apenas como uma
“estratégia”, e, como estratégia, não possuem um objetivo, quer apenas ser
processo. Um meio sem um fim, sem um propósito. No entanto, há outras leituras
possíveis sobre o Black Bloc. O filósofo e professor da Unicamp Marcos Nobre
diz que "O black bloc' questiona a fronteira do que é
legítimo, da violência como arma política e não como crime", destacando, no entanto, que há ainda
um “parâmetros de performance", ligados
à força da imagem durante as depredações.
Fazendo uma
pesquisa no site “Observatório da Imprensa” encontrei uma artigo denominado “A
origem dos homens de preto” de Sérgio da Motta Albuquerque. Este artigo relata
a história deste grupo denominado de Black Bloc. Isso talvez possa ajudar você
a tomar conhecimento do desenvolvimento das ações deste grupo. Ao ler este
artigo percebe-se que os mascarados do Black Bloc é anterior ao surgimento da
mídia eletrônica. Sendo assim não podemos colocá-los como filhos da mídia
eletrônica, isso não quer dizer que não devemos deixar de reconhecer que a
mídia eletrônica, de modo particular as “redes sociais” se constitui como um
novo “front” para as batalhas de agora. E, por usar as rede sócias encontra no
meio de uma juventude, que não quer pensar muito em propostas concretas, mas
que apenas buscam um espaço para a manifestação, para “ir à luta”, mesmo que
não seja por nada, por um motivo qualquer, e assim atende o clamor dos Black
Bloc Brasil e saem por aí para “quebrar os símbolos do capitalismo” sem, no
entanto, levar em consideração que utilizam de um dos símbolos mais recentes do
capitalismo para se organizar – a internet.
Então
investidos e vestidos dos símbolos do movimento Black Bloc - roupas pretas, máscaras ou capuz a cobrir os
rostos,- parecem inspirar-se nos grupos antiglobalizantes (embora utilizam-se
da Rede global de comunicação denominada internet) presentes na Europa desde os
anos 1980. Contradição, ou apenas mais uma característica de um grupo de jovens
que não se preocupam em tomar posicionamentos críticos sobre sua própria ação?
Para encerrar relembro
os ensinamentos dos filósofos iluminista do século XVIII, mais especificamente,
os de Voltaire que disse que “posso não concordar com nenhuma das
palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você
dizê-las.”. Assim, defendo o
direito de todos manifestarem suas ideias e suas insatisfações, mas eu, de modo
particular, estou fora das manifestações do tipo Black Bloc. Faço isso de forma
consciente, visto que não acredito em um movimento que quer ser apenas um meio,
um processo e que não tem nada de concreto para oferecer, ou se os tem não
estão claros. Não quero “amarrar a vaca para outro mamar.” Desejo aos estão
nesta luta sorte na construção de seu projeto político, seja ele qual for, mas
que tenha um projeto, uma proposta. Que suas escolhas sejam conscientes, assim
como acredito que a minha o é. Espero que não deixem transformar suas mentes e
seus cérebros em meras extensões ou HDs externos, ou espaços nas “nuvens”
virtuais de ideias, também virtuais, de quem você não conhece e que também não
conhece você, embora saibam que podem influenciar e contar com a sua energia a
fim de colocar seus propósitos como a “ordem do dia”. Pense nisto antes de “ir
pra rua”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário