Acordei cedo. Não planejei meu dia e não tinha nada programado por ninguém. Estava livre. Fiz minha higienização corriqueira. Fui em seguida para a cozinha preparar o desejum. Nesse meio tempo minha esposa despertou. E enquanto se arrumava, eu continuava no preparo corriqueiro da manhã, sem nada planejar...
Ela, então, pareceu-me com um tênis vermelho e uma meia velha em suas mãos, já vestida com roupa apropriada para uma caminhada. Olhou para mim e disse:
- Vou fazer uma caminhada, quer ir junto?
Não respondi. Continuei a faina na cozinha. Ao terminar, já com o aroma gostoso do café no ar, sentamos à mesa e fizemos o desjejum silenciosamente. Não que não tínhamos nada para dizer um ao outro... mas as palavras não ganharam forma. Terminado o meu desejum antes dela, levantei-me e voltei ao meu quarto. Calcei o tênis velho, uma meia um pouco mai velha e fui até à cozinha.
Minha esposa continuava em seu desjejum. E então perguntei-lhe:
- Por onde vamos? e ela
- Isso não importa muito, mas vamos juntos!...
Então, saímos!
Nossa filha ficou dormindo em seu quarto...
Caminhamos por aproximadamente uma hora. Andamos talvez de 10 a 15 km. Foi muito bom!.
Ao retornar, depois de um período de descanso. Um banho. Eu e minha esposa ficamos ali abraçados por um longo tempo. Nossa filha ainda dormia.
Fui pra sala, deitei-me no sofá e liguei a TV. E ali permaneci o resto do dia. Não tinha ânimo para mais nada.
Confesso que em alguns momentos o sono apareceu e sem me culpar cochilei. Não era dormir de verdade, mas uma cochilo preguiçoso, descompromissado, onde imagens da TV se intercalavam com o divagar da memória durante a sonolência.
E aí foi o dia todo. Vivido assim, inutilmente. Não me culpei de nada. Afinal não havia nada planejado e deixei-me levar...
Não havia apetite. Desejo. Sonho. Obrigação. Havia eu, meu corpo, e nada mais. Sentia pequenos incômodos pela posição no sofá. Desconfortos suportáveis.
Depois de muito tempo, minha filha se aproximou e...
- Pai. Hoje é sábado. O último sábado do ano. Vamos sair? Fazer algo? Comer alguma coisa? Sei lá. Ver um filme?
Eu, ainda sonolento, respondi de modo a deixar claro que continuaria como estava...
- Tem sorvete na geladeira. Faça o que você quiser. Quer assistir algo? Eu te acompanho...
Minha filha preparou algo para ela na cozinha e retornou à sala. Selecionou um filme em um canal por assinatura e assistimos. Ficou perto de mim o tempo todo. De tempos em tempos tirava os olhos da TV e olhava para ela... Via-lhe de perfil. Está linda! Mas nada dizia, tinha medo de perder o encanto. E assim continuamos...
Terminou o filme. Deu-me um beijo e disse:
- Boa noite! Foi muito bom ter sua companhia.
Olhei para ela e apenas esbocei um sorriso em paz!
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